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Nova regra de crédito rural: o que muda para 2026?

A nova regra do Banco Central muda o crédito rural. Entenda como a automação de análises garante conformidade e protege sua instituição de multas e riscos.
Escrito por Ricardo Huffel

O setor financeiro está prestes a passar por uma transformação na concessão de crédito rural. A partir de 2026, uma nova exigência do Banco Central mudará as regras, vinculando a liberação de financiamentos à comprovação de regularidade ambiental. Instituições que não se prepararem para essa norma estarão sujeitas a multas expressivas, desgastes com os clientes e a sérios prejuízos reputacionais.

Neste cenário de novas exigências, a pergunta que fica é: quão preparada sua instituição está para garantir a avaliação precisa de risco socioambiental, mantendo a competitividade na oferta de crédito? 

Continue a leitura e entenda como navegar por essas mudanças com segurança e inteligência.

O que é a nova regra de crédito rural?

As instituições financeiras agora serão obrigadas a consultar dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES) para a concessão de crédito rural. A nova regra entra em vigor a partir de 2 de janeiro de 2026 e atende à nova resolução CMN nº 5.193 do Banco Central, que modifica as exigências socioambientais para a concessão de financiamentos agrícolas. 

Aprovada em 2024, a resolução do Conselho Monetário Nacional descreve em seu item 17 a exigência de verificação de ocorrência de desmatamento em imóveis rurais após 31 de julho de 2019, relacionando a liberação dos recursos financeiros à regularização ambiental ou à comprovação de que não ocorreu supressão ilegal de vegetação. Com isso, as organizações financeiras passam a adotar critérios mais rigorosos para crédito rural, impedindo o financiamento de atividades ligadas ao desmatamento ilegal

Confira alguns pontos importantes da resolução CMN nº 5.193, que entram em vigor a partir de 2 de janeiro de 2026:

  • Imóveis rurais com ocorrência de desmatamento após julho de 2019, que recebem recursos controlados ou direcionados, precisarão apresentar Autorização de Supressão de Vegetação.
  • Propriedades com embargo por desmatamento poderão acessar o crédito agrícola para recuperação da vegetação nativa, até julho de 2027, contanto que comprovem o pagamento da multa e a existência de um projeto de recuperação protocolado.
  • O crédito agrícola não poderá ser concedido a projetos ou orçamentos que prevejam ou incluam desmatamento no imóvel rural.

Liderado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade que integra o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o PRODES realiza o monitoramento anual da cobertura vegetal dos biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e Pampa). Desse modo, o PRODES reúne dados sobre desmatamento e supressão de vegetação nativa, coletados a partir de tecnologias como sensoriamento remoto, IA e análise de Big Data. 

Impactos da resolução na concessão de crédito rural

A nova exigência para o setor financeiro impacta positivamente a economia e a sustentabilidade. Ao usar o PRODES como critério para a concessão de crédito rural, a norma garante que somente produtores regulares acessem financiamentos de instituições financeiras, o que os qualifica para programas de crédito verde e atrai capital alinhado à sustentabilidade.

Os bancos que não se adequarem à nova exigência enfrentarão riscos reais, como o financeiro, incluindo multas e penalidades, e o reputacional, causando prejuízo institucional. Para evitar esses cenários, é crucial o uso de ferramentas que garantam agilidade e precisão na validação da conformidade, blindando as carteiras de crédito rural contra passivos ambientais e jurídicos.

Incentivo ao crescimento sustentável

A mudança vai ao encontro da crescente demanda por finanças sustentáveis e crédito verde. O mercado de títulos verdes e linhas de crédito ESG (aspectos ambientais, sociais e de governança) está em plena expansão. 

Somente no Brasil, as emissões de títulos sustentáveis no mercado externo desde 2015 totalizam US$ 31,1 bilhões, segundo o Banco Central. Além disso, a B3 (Bolsa de Valores do Brasil) registrou, no primeiro semestre de 2025, a emissão de 23 novos títulos ESG, totalizando R$ 10,35 bilhões, o que integra o estoque total de títulos ESG na bolsa brasileira de R$ 138,16 bilhões até o final de junho. 

O agronegócio é um setor que se destaca no financiamento sustentável. De acordo com o BNDES, o ano de 2024 representou um recorde no impacto de crédito, com foco em áreas como economia verde, transição energética e inovação. Na mesma linha, o Serasa Experian aponta um aumento na conformidade socioambiental no crédito rural.

Esses números comprovam que o crescimento do mercado de títulos e crédito ESG não é somente uma tendência, mas um diferencial competitivo que atrai capital alinhado à sustentabilidade. E a previsão é de expansão contínua nos próximos anos!

Automação como aliada na avaliação para concessão de crédito rural

A consulta de informações sobre conformidade socioambiental não é uma novidade para as instituições financeiras. O desafio, com as novas regulamentações, é garantir que o acesso a dados de diferentes fontes seja seguro e eficiente, evitando a perda de lead time na concessão de produtos financeiros ao setor agrícola.

A adoção de soluções de inteligência de dados que otimizem esse processo de análise é o caminho para mitigar riscos e proteger a carteira. O DataSafra, plataforma de análises agrícolas da Geoambiente baseada em inteligência de dados geoespaciais e desenvolvida com a infraestrutura do Google Cloud, oferece dados confiáveis e automação para a análise de risco, conformidade e monitoramento da operação no agronegócio. 

O DataSafra oferece o módulo Compliance Socioambiental, que concilia o mapa da propriedade com seu status de conformidade. A plataforma automatiza a geração de laudos que cruzam múltiplas bases públicas oficiais, incluindo dados do PRODES, conforme a exigência da nova norma. Na prática, essa solução representa agilidade na concessão de crédito, redução de falhas operacionais e padronização de processos.

Conheça o DataSafra! Entre em contato e descubra como a plataforma pode proteger sua carteira de crédito rural e garantir a conformidade de suas operações.

Sobre o(a) autor(a)

Ricardo Huffel

Executivo de Vendas - Novos Negócios
Especialista em inteligência geoespacial para o agronegócio. Com 20 anos de experiência, atuou na vanguarda da transformação digital do setor, criando soluções que integram dados de satélite e ferramentas de geoprocessamento para a análise de risco, monitoramento de safra, gestão de negócios e sustentabilidade.

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